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Categoria: Pensamentos

Medo, esperança e colapso de narrativas

Qualquer pessoa com um pouco de privilégio e consciência sabe dos efeitos negativos que nosso estilo de vida provoca no mundo. Agora, a pandemia do Covid19 é a primeira vez que em que pudemos perceber, de forma mais vívida, a nossa fragilidade enquanto sociedade. Estamos com medo e precisamos de esperança. Para isso, arte. Começaremos pelo medo O medo, na forma de uma certa apreensão sobre o futuro do mundo, sempre puxou o pé das gerações mais novas. As narrativas de colapso climático há muito deixaram o círculo científico para se tornar cenário de filmes, livros e animações. Nós sempre…

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O desafio de encontrar sentido em tempos de caos

Um dos maiores desafios para os dias vindouros será encontrar sentido no que estamos fazendo. A menos que você trabalhe na área da saúde ou produção de alimentos, há uma grande chance de você se pegar perguntando por quê. Por que escrever em um blog na internet? Por que desenvolver aplicativos para aumentar as visitas de um ecommerce milionário? Por que terminar aquele romance? São perguntas que refletem a incerteza dos meses vindouros, ou a certeza de que “o futuro não é mais como era antigamente”, como diz a canção. Eu poderia dizer que a busca por essa resposta é…

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O que fazer com o seu privilégio

Privilégio é um assunto espinhoso que me faz pensar há muito tempo, me empurra de lá para cá navegando nas turbulentas questões, “por que escrever? O mundo precisa de mais um homem branco cis escrevendo? Será que eu sou lido só porque tradicionalmente faço parte desse grupo que sempre teve palco?” Isso tem sido uma pedra no meu sapato há um bom tempo. Mas também, eu sou praticamente a sua caricatura: homem, branco, cis, hétero, classe média, casado e com filhos, dois cachorros, dois carros na garagem, casa própria. Para você ter uma ideia, minha esposa fez umas fotos da…

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Criar na internet pra quê?

Era uma vez duas internets irmãs. A primeira, filha cultura do compartilhamento. A segunda, empreendedora. Esta é a história do relacionamento conturbado entre elas. Eu me pergunto se estou ficando velho, ou deslocado dentro de uma bolha. Ou se as gerações mais novas é que estão. E já que escreverei um texto sobre “essa geração de hoje em dia”, deixe-me pegar o suéter e o sapatênis (na verdade eu gosto de sapatênis, desculpa). Primeiro, um pouco de contexto: o Ângelo mandou uma newsletter contando sobre umas ideias e projetos, e, alguns dias depois, esta outra aqui: Aí que eu mostrei…

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Estou há pouco mais de um mês sem redes sociais, e é disto que sinto falta

Eu não faço ideia do que meus amigos estão fazendo. Ou qual é o último livro do momento que todo mundo está lendo. Lançamentos e eventos imperdíveis. Não falo de modo irônico, é como se de repente eu tivesse me afastado da comunidade, embarcado em uma longa jornada sem sinal no celular. E não acho que esse sentimento seja recíproco: provavelmente ninguém percebeu minha ausência. Essa é a natureza do meio, há tanta informação e conteúdo, que se um show desaparecer, logo outro toma o seu lugar na grade. Quem é que acompanha as listas de filmes que saem do…

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Por que viver de arte? (Mais fácil se você for um filho da mãe)

Mas você não é um filho da mãe, você tem valores. Só que, às vezes esses valores parecem brigar o tempo todo, e você se pergunta: por que viver de arte? Por que freelancer? Por que a escolha mais difícil? Este não é um texto sobre bufunfa (embora a sua falta apareça algumas linhas abaixo). Falo de Valores, com v maiúsculo, que empresas quadradinhas adoram pendurar num quadrinho na recepção. Todo mundo tem seus valores, e na hora de escolher viver de arte, vixe… Melhor sentar, que o texto vai ser longo. Deixe-me começar contando que venho trabalhando num romance…

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As quatro estações do fazer artístico

Você entra em um ônibus lotado às seis e meia da tarde, respirando o mesmo ar que sessenta e duas pessoas. Repara na senhorinha que carrega uma enorme sacola amarela nos ombros e se morde de curiosidade para saber o que tem ali. Ela desce quatro pontos antes do seu, você estica o pescoço, mas o solavanco da condução te coloca de volta ao lugar. Só resta imaginar. Você pilota sua moto por 250 km até uma cidadezinha de 10 mil habitantes só porque…

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6 dicas de escrita de um editor rabugento

Sempre que faço um intensivo de avaliação de contos da Trasgo percebo alguns erros simples que se arrumados fariam bastante diferença na leitura e fluidez do texto. E outros detalhes que me fazem atirar o lápis contra a tela do computador. Hífen não é travessão Existe um motivo para os sinais gráficos existirem. Você não usa & no lugar do travessão. Você não usa @ no lugar de travessão. Então por que raios você acha que pode usar o hífen? – Isso é um hífen, e isso não é um diálogo. — Agora sim estamos falando. Ah, mas que chatice,…

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O próximo passo da Trasgo

A Trasgo existe há mais de três anos. É tempo pra caramba, principalmente se estivermos falando em "anos na internet", em que a última grande novidade explode e desaparece em menos de um mês. Foram até agora 13 edições, a essa altura já se espera uma produção mais automática de cada volume, não? Não. Muitas etapas do processo evoluíram, mas escolher os contos, fazer uma boa leitura crítica, revisar… Isso continua dando um trabalhão. Mas a gente não abre mão, porque desde o começo a Trasgo sempre tentou publicar os melhores contos de ficção científica e fantasia. Convenhamos, a gente…

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Confissões de um ex pirata, atual artista

Venho tentando escrever esse texto há dois anos, mas nunca consegui chegar à conclusão final. E, enquanto escrevo estas primeiras linhas, já adianto que ela não existe. Então por que publicá-lo agora? O assunto voltou à minha mente pela junção de duas notícias recentes. Uma delas vinda da newsletter um escritor e amigo, Jim Anotsu: O que me levou a largar o projeto [do segundo livro de "Rani e o Sino da Divisão"] foi: Pirataria. O primeiro livro teve boas criticas, mas não vendeu muito – okay, como muita coisa, mas eu ainda pretendia fazer mais dois, um pra cada…

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