Finalmente chegamos NA QUESTÃO.
Um texto não é um produto, é um serviço. Quanto custa uma ilustração? Um site? Um anúncio? A resposta é sempre DEPENDE. Ai, caramba. Depende?
Depende do tamanho do projeto e do cliente. É um jeito bonito de dizer “depende do tamanho da bucha trabalho que vai dar”. É um texto para um cartão de Natal do consultório odontológico ou é o informe do novo posicionamento da Empresa Global XYZ?
Ah, mas um texto para empresa grande custa mais caro? Sim, sabe por quê? Porque ele será lido por mais gente. Não que você não cuidará bem de um texto para um cliente menor, mas uma coisa é revisar três vezes para entregar o melhor cartão de Natal possível para a FuronoDente, outra é escrever a defesa de um novo posicionamento para uma marca global, texto que será aprovado por três diretores e reescrito pelo menos dez vezes. (E que no final será descartado, quando a empresa optar pela versão que o próprio presidente escreveu e obrigou os diretores a aceitar).
Há muitos lugares que ensinam a fórmula para cobrar por freelas. Faça as contas de seus gastos mensais, divida pelo número de horas que você trabalha e então você tem o valor mínimo por hora apenas para sobreviver. Dobre esse valor. Calcule quantas horas você leva para fazer um texto e pronto, está aí o seu valor por texto. O problema é que o valor cobrado não deve depender do seu estilo de vida (o caminho correto é o inverso). Então você precisa de um referencial.
Um valor que considero adequado cobrar por um texto é… *Ninjas arrebentam minha janela e me sequestram, e vocês nunca mais ouvem falar de mim.*
Brincadeirinha. Eu tenho um preço padrão por “um texto”, que pode ser muitas coisas com até mil palavras: um post de blog, um texto publicitário, um slogan, uma página de um site e algumas outras coisas. Esse valor é de 250 reais.
Agora, já que estou aqui abrindo minha tabela de valores, pecado mortal de qualquer um que trabalha com conteúdo ou criação, vamos explicar o negócio direito. Ó, importante: esse é um valor interno meu, não o valor que cobro do cliente. Eita, como assim? Vamos dizer que esse é um valor inicial para as contas. O custo do arroz com feijão. Ainda temos que aplicar as variáveis que eu disse acima. No próximo artigo vou abordar quanto tempo demora para criar um desses bichos, mas você pode pensar nos seguintes parâmetros:
Quantidade de textos: Quanto mais textos, mais barato o valor por cada um deles, ao ponto que um projeto de longo prazo, como um contrato anual para produção de posts para blog, por exemplo, pode chegar à metade do preço. Um site pode ter muitas páginas com pouco conteúdo em cada uma delas, o que também ajuda a abaixar o custo.
Dificuldade do assunto: Uma coisa é escrever neste blog sobre escrita, um assunto que é meu ganha pão, outra coisa é escrever sobre qual é o melhor tratamento ortopédico para elefantes idosos.
Exigência do público: Trabalho tanto com textos para posts, que são mais simples de produzir, como conteúdos publicitários para públicos bastante exigentes, que precisará de mais reescritas até chegar ao tom certo da mensagem.
Urgência: Se o prazo é curto, o valor dobra. Ah, é para ontem? Sem problemas, basta assinar o cheque que vou ali pegar o meu DeLorean.
Enfim. Esse meu valor de referência é o valor médio cobrado por uma agência de conteúdo séria aqui na região. Já vi gente vender texto por 7 reais. Não façam isso, o valor não paga nem a energia elétrica. Nem mesmo o busão para ir e voltar da reunião com o cliente. E clientes, vocês querem mesmo um “””””profissional””””” de 7 reais?
Mas ninguém me paga isso!
É, eu sei. Se você está começando, vai ter que trabalhar com uma tabela um pouco mais baixa. Mas há algumas coisas que você pode fazer para aumentar o seu passe:
Experiência na área: Essa é a questão básica. Se você for contratada para produzir conteúdo para uma agência, por exemplo, essa agência não quer ter trabalho, não quer ter que ficar corrigindo o seu texto ou orientar demais o direcionamento. Uma boa redatora saberá tirar todas as dúvidas na entrevista inicial ou por telefone enquanto o texto é produzido, em vez de entregar um texto com o direcionamento incorreto. Poupar o trabalho (e tempo) do seu cliente é um detalhe muito valorizado.
Até por isso profissionais com experiência em agência e redação são mais valorizados, porque entendem bem da rotina (insana) de trabalho nesses lugares.
Entregas pontuais: Essa é uma das questões mais importantes para qualquer freelancer. Sério, entregue os trabalhos no prazo. Pouca coisa irrita mais do que ter que esperar a entrega de alguém terceirizado. Muitas vezes há equipes inteiras que dependem daquele texto para dar continuidade ao projeto (designers, webdevelopers, ilustradores). Atrasar o trabalho de todo mundo não é legal. Já estive muito do outro lado, em agência, e sempre batia um desespero quando não recebia dos freelas no prazo. (Desenvolvedores eram os mais atrasados, justamente por isso os que mais trocávamos a cada job).
Especialização em um nicho ou mercado: Essa é uma das melhores formas de valorizar o seu trabalho. É difícil encontrar redatores especializados em determinados segmentos, por isso são muito mais requisitados. Escolha uma área que você goste e entenda, e vá fundo. Isso também facilita na hora de encontrar novos clientes, diminuindo o escopo da busca. Você conhece as principais marcas que atuam naquele segmento.
Fortalecer seu nome como sua marca: Tornar-se popular (principalmente em um determinado nicho) pode fazer com que o texto assinado por você, com o seu rostinho, seja mais valorizado naquela determinada área. Pense em colunistas especializados, por exemplo.
Este conteúdo faz parte do ebook “Quanto vale o seu texto“.
Oie, adorei o post dicas super válidas! Procurei bastante por esse assunto, estou começando na área e to meia perdida… Este preço base de 250,00 é muito pra um profissional sem experiencia certo? Para alguém que está começando como eu, quanto voce indica para um preço base? E oque voce acha do método de somar
( preço base + lucro ) X tempo de duração
Em fim parabéns pelo post, adorei seu blog, um beijo da sua nova leitora ^^
Olá, Keila! Na verdade, publiquei um ebook gratuito onde expando um pouco mais essa ideia, e explico qual é a linha de raciocínio por trás dos valores. Está aqui: http://viverdaescrita.com.br/coisas-gratis/.
Bem-vinda e obrigado pelo comentário!
Boa tarde,
Algum tempo se passou desde a publicaçao desse artigo e ainda hoje vemos a desvalorizaçao contínua dos profissionais redatores freelancers. Ainda vemos inúmeras pessoas anunciando seus serviços de redatores para escreverem por 3, 5 ou 7 reais o texto!!!
Não dá para acreditar em como isso é possível!
A pessoa que cobra tão pouco assim, só pode desconhecer o trabalho que se dá em pesquisar o assunto, usar criatividade para criar texto inovador, livre de plágio, analisar boa grafia e toda concordância sintática e ortográfica para a qualidade de um bom texto. Sem falar do uso de técnicas de SEO e avaliar o custo da sua hora de trabalho ( que envolvem gastos com energia elétrica, internet, entre outros custos).
Enfim, discordo das pessoas que cobram valores tão baixo, por que além de estarem deixando de valorizar nossa profissao e de ganhar um dinheiro justo, estao tambem atrapalhando os redatores que cobram um valor adequado pelo seu serviço, haja vista que muitos contratantes acabam por escolher os redatores de menores preços já que tambem valorizam o trabalho daqueles que farão a essencia para o sucesso do seu site ou blog ( discordo desses contratantes também!).
Gostei do seu blog!
A grande dificuldade de redatores é encontrar clientes que valorizam o trabalho dos mesmos. As pessoas querem pagar 5, 7, 10 reais por textos de 1000 palavras.
Sou redator e sinto muito por isso kkkk
Como tantos, cheguei aqui pelo Google com uma dúvida e… saio com ela. Não estou criticando negativamente o artigo, não. Você inclusive fala mais de valores do que outros por aí. Mas pra mim, o cerne da eterna dúvida está na omissão do preço.
“Veja bem, você precisa saber quanto vale seu tempo”. Mas aí é que está, se soubesse, não existiria a dúvida!
Se vários redatores “experientes-e-respeitados” falassem abertamente quanto cobram, seriam referência para todos os outros, como o redator “em-começo-de-carreira” e o “sou-sobrinho-mas-escrevo-bem”.
Olá, Daniel. Talvez o ebook ajude a esclarecer suas dúvidas, este texto é parte dele. No ebook há detalhes mais aprofundados: http://viverdaescrita.com.br/coisas-gratis/
Abraço
Rodrigo
Este comentário é super válido, eu também estou com o mesmo sentimento.
O maior problema não é esse. Pense bem se é um texto grande mesmo de fato o valor é maior. Mas tem pessoas que querem cobrar 25 a 50 reais por um texto de 200 a 300 palavras. Se for um site que fale de séries ou cinema por exemplo. Eles vivem de cliques nos ads ou links afiliados. Analisando assim quase ninguém clica em propaganda. Como então arcar com os custos dos redatores por esses valores? Compreende o problema.
Caro Rodrigo, obrigado pelas dicas deste site. Obrigadíssimo, por compartilhar, gratuitamente, o seu e-book. É muito útil.
Mais uma vez, grato!
Abraço!
Olá! Cobro, em média, 50 reais por textos de, no mínimo, 1.000 caracteres (conforme é pedido pela pessoa com quem faço o acordo). As vezes estes textos tem, de fato, mil, noutras 1.300 até 1.800.
Este preço é considerado um valor baixo? Ou é razoável?
Olá, Nina, tudo depende de quanto tempo você leva para fazer este texto, se é um cliente recorrente, e o volume de textos que você faz para determinado cliente. Sendo um job com vários textos, este é valor por texto é razoável. Se for este valor para um único texto, é bastante baixo. (Quando são vários textos para o mesmo cliente, você sempre consegue aproveitar parte da pesquisa e o fluxo de emails é menor, menos trabalho).
Amei o texto. É de um esclarecimento claro e divertido; nós, que “escrevemos por encomenda”, sabemos quão existem temas que são loucos e nos obrigam super desdobrar em estudos e pesquisas para conseguir redigir e quão existem prazos que são mais loucos ainda e nos tiram toda uma noite de bom sono e bons sonhos…. mas gostamos disso e somos muito felizes, além de muito intelectuais…
Olá, não sou redator mas, o conteúdo é muito interessante, até para outras profissões. Vou acompanhar as postagens e comentários. Abraço e sucesso a todos e vamos valorizar nosso “suor”!!
Gostei muitoooooo das suas orientações! Estou começando na área de produção e revisão de textos e certamente me ajudou muito suas dicas.
Cheguei aqui depois de um longo e tenebroso inverno. Quase um ano sem nenhum freela na área. Eu que já tive segurança de pedir o valor que quisesse por meus textos, me deparei agora sem saber quanto cobrar por um trabalho que fiz tantas outras vezes. Retornando ao mercado me bateu uma insegurança. Obrigada por compartilhar. Não queria me referenciar por tabelas de sindicatos ou similares. Foi bem esclarecedor e me ajudou a lembrar quem eu sou, o que sei e quanto vale o meu trabalho. Abraços fraternos.
P.S.: O e-book não tem outro formato além do epub?
Olá, obrigado pelo comentário!
Então o e-book está disponível em epub e mobi. Aqui explico melhor esse negócio: https://viverdaescrita.com.br/como-ler-epub-e-por-que-ele-e-muito-mais-legal-que-pdf/
Caracas, adoreeei. Só o fato de você falar o valor já ajuda muito, porque 90% dos artigos ficam dando dicas mas não dão nem uma base pra quem está começando e tem essa dúvida, a gente não sabe se começa por 50 reais ou por 200. A complexidade dos temas e da pesquisa faz uma diferença enorme no tempo despendido no projeto. Obrigada!